terça-feira, 16 de novembro de 2010

Myxini

Os Myxini (do grego myxa, muco) são um grupo de peixes marinhos, de águas frias, com forma de enguia e sem maxilas. É o único grupo de peixes que não pertence ao subfilo dos vertebrados, uma vez que não tem um verdadeiro esqueleto interno: o corpo é sustentado pela corda dorsal e o crânio é incompleto, uma vez que o cérebro está protegido apenas por uma bainha fibrosa. De acordo com estudos recentes, estes peixes são classificados dentro do clado Hyperotreti, que pode ser considerado um subfilo dos Cordados.
São conhecidos como peixes-bruxas, enguias-de-casulo, enguias-de-muco, feiticeiras ou mixinas.

Anatomia
A boca é rodeada por dois pares de tentáculos e armada interiormente com uma placa de cartilagem com dois dentes em forma de pente, uma "língua-raspadora". A boca das mixinas não tem funções respiratórias: a água entra na faringe através dum "canal nasofaríngeo" localizado no lado esquerdo do corpo e com abertura na parte anterior da cabeça, passa pelo órgão olfactivo médio e daí para a câmara branquial. As mixinas têm entre um e 15 pares de fendas branquiais.
O corpo das mixinas é reforçado internamente por um conjunto de barras de cartilagem, assim como a cabeça, os tentáculos bucais, o canal nasofaríngeo, a "língua" e a barbatana caudal, mas não existem verdadeiros arcos branquiais. Ver a figura do crânio na página Craniata.
Estes animais têm olhos sem cristalino e sem musculatura; aliás, as mixinas não apresentam os músculos radiais típicos dos vertebrados. O sistema circulatório é formado por vários corações venosos, mas sem inervação e o tecido do pâncreas encontra-se disperso no celoma.
A pele das mixinas é nua e apresenta lateralmente uma série de glândulas de muco anormalmente grandes, formadas por longas células filamentosas. Não têm barbatanas pares, nem linha lateral.
Do ponto de vista da fisiologia, as mixinas apresentam também algumas características peculiares. Por exemplo, o seu corpo possui mais de 10% de fluidos, ao contrário dos restantes Craniata. Além disso, as suas células sanguíneas têm baixa afinidade para o oxigénio.

Ecologia
Os peixes-bruxa são peixes demersais de águas frias ou temperadas, encontradas apenas no norte e sul dos oceanos Atlântico e Pacífico. Vivem em fundos de lodo, onde se enterram e alimentam-se principalmente de peixes mortos ou doentes, penetrando no seu corpo e escolhendo imediatamente os seus fígados. Mas também são predadores activos de invertebrados bentónicos. Hábitos nocturnos.
As fêmeas produzem 20-30 ovos com 20-25 mm de diâmetro, providos duma casca córnea com um grupo de filamentos em forma de âncora em cada extremidade.
Devido às suas características fisiológicas, as mixinas não possuem osmorregulação e são muito sensíveis às variações da salinidade. Embora tenham pouco valor culinário (excepto no Japão), algumas das suas espécies encontram-se ameaçadas pela sobrepesca, uma vez que são capturadas por causa da sua pele forte e macia, que é vendida no mercado internacional como "pele-de-enguia".

Classificação sistemática e relações filogenéticas
Estão identificadas cerca de 64 espécies de peixes-bruxa, pertencentes aos géneros Myxine, Neomyxine, Paramyxine e Eptatretus. Os dois primeiros possuem apenas um par de fendas branquiais, mas os dois últimos possuem vários pares. Existem ainda algumas diferenças, por exemplo, na forma dos olhos, mas todos são agrupados na ordem Myxiniformes.
Conhecem-se duas espécies de fósseis de mixinas da última parte do período Carbónico (também conhecido por Pennsylvaniano do Illinois, de há cerca de 330 milhões de anos): Myxinikela e Gilpichthys, mas existem dúvidas se este fóssil pertence ao mesmo grupo.
Os peixes-bruxa foram tradicionalmente incluídas no grupo Ciclóstomos, juntamente com as lampréias, mas actualmente reconhece-se que este grupo é parafilético. De acordo com estudos recentes, as mixinas integram o clade Hyperotreti que é considerado um grupo irmão dos vertebrados. Alguns zoologistas, no entanto, consideram que as características dos Ciclóstomos são sinapomorfias e rejeitam a parafilia.

Cephalochordata

O subfilo Cephalochordata (do grego kephale, cabeça; e do latim chorda, corda) é composto por um grupo de cordados marinhos, pequenos e pisciformes, ao qual pertencem os anfioxos. Eles são um importante objeto de estudo na zoologia por proporcionarem indicações sobre a origem dos vertebrados.
O anfioxo mede cerca de 6 cm de comprimento e vive enterrado em areia de águas rasas do ambiente marinho, entre dez e trinta metros de profundidade, deixando para fora do substrato apenas sua extremidade anterior.

Características gerais
Corpo delgado com forma de peixe.
Epiderme uniestratificada, sem escamas.
Musculatura segmentada.
Ambiente marinho (águas rasas, semi-enterrados na areia ou nadantes).
Sexos separados, fecundação externa, desenvolvimento indireto.
Os Cefalocordados possuem uma notocorda permanente e um tubo neural dorsal que se estendem da região anterior a posterior do animal; não possuem uma cabeça, nem um encéfalo, ou olhos diferenciados.
Possuem uma faringe branquial com cílios que promovem a circulação contínua e unidirecional da água; ocorre aí uma porcentagem das trocas gasosas bem como a retenção de partículas a serem digeridas. Muito da digestão é feita intracelularmente. A boca é envolvida por um capuz oral com um anteparo de cirros que impedem a entrada de partículas muito grandes.
São animais de sexos separados, mas não possuem vias genitais. Os gâmetas são acumulados no átrio, donde saem para a água, onde se dá a fecundação.

Urochordata

Urochordata (do grego oura, cauda; do latim chorda, cora, + ata, caracterizado por), também conhecidos como Tunicata são designados como urocordados ou tunicados, e constituem um grupo de animais marinhos que se alimentam por filtração que entra na faringe pelo sifão bucal, passando por propulsão ciliar através das fendas ao redor do átrio e saindo, depois, pelo sifão exalante. O plâncton é filtrado pela passagem através das fendas faríngeas. Pertencem ao filo Chordata, pois possuem um notocórdio, pelo menos durante a fase larvar do seu desenvolvimento que, frequentemente tem a aparência de um girino.
A maior parte dos tunicados, como as clavelinas, pertence à sub-classe das ascídias, que muitas vezes são confundidas com esponjas por serem os membros sésseis deste grupo, e as salpas e apendiculários, que são pelágicos.

Biologia dos tunicados
O corpo dos tunicados adultos tem a forma de um barril com duas aberturas, chamadas sifões, geralmente do mesmo lado, uma para a entrada da água e dos alimentos e outro para a saída da água e das excreções, o que é realizado por contrações da camada muscular superficial. A seguir ao sifão de entrada encontram-se as brânquias, colocadas em forma de rede que, não só têm a função da respiração, mas também a de filtrar as partículas nutritivas; a seguir, encontra-se o tubo digestivo, que é encurvado e termina no outro sifão.
Sua epiderme se encontra revestida por uma característica túnica translúcida, que se assemelha a gelatina (donde vem um dos nomes destes animais) - é segregada pela derme e, nas formas sésseis, pode ser um verdadeiro exosqueleto composto de celulose e colagénio, por vezes com espículas calcárias, agregado num tecido conectivo. Os larváceos segregam uma "casa" que é usada como filtro e depois consumida.
Possuem um sistema nervoso rudimentar formado por um gânglio dorsal próximo da glândula neural, entre os sifões; este gânglio controla as contrações musculares e o movimento dos cílios da faringe, mas não controla os batimentos cardíacos.
O sistema circulatório é aberto, excepto o coração que é um vaso sanguíneo com peristaltismo reversível e que se liga, em ambas extremidades a outros vasos abertos. O coração está rodeado pelo pericárdio que é o único espaço celómico, formado por um peritoneu com células mioepiteliais. A reversão do peristaltismo permite que, tanto os tecidos que se encontram dum lado, quer doutro, do coração recebam igual fornecimento de nutrientes.
O sangue dos tunicados possui muitos tipos de células:
Nefrócitos, ou seja, células que funcionam como rins, acumulando cristais de ácido úrico, que nelas se mantêm indefinidamente;
Vanadócitos, que podem acumular até um mole de vanádio (enquanto que a sua concentração na água do mar é da ordem dos 10-8M) ou outros metais, o que pode resultar em sangue verde que, não só repele predadores ou organismos sésseis, mas também promove a polimerização da tunicina;
Amebócitos fagocíticos;
Linfócitos;
células multipotentes, que actuam como precursoras das restantes células do sangue.
Os tunicados coloniais reproduzem-se assexuadamente, formando gomos que permanecem agarrados ao organismo-pai. A reprodução sexuada é do tipo hermafrodita – os gâmetas são libertados no sifão atrial, onde se dá a fertilização.
As primeiras fases do desenvolvimento do zigoto são típicas dos deuteróstomos. Algumas formas larvares parecem-se muito com cordados primitivos ou com hemicordados, com um notocórdio, por baixo duma medula espinal. O estágio larval termina quando o turnicado encontra uma rocha ou pedra adequada para seu desenvolvimento, e se fixa a ela. A partir daí, várias mudanças físicas ocorrem no corpo dos tunicados, sendo um dos mais interessantes o controle de movimento e crescimento pela digestão do ganglio cerebral - o equivalente do cérebro de animais superiores em insetos e artropodes. Daí vem o dito popular que os tunicados adultos "comem o próprio cérebro", já que na fase adulta, ancorada, não precisam mais dele. Em algumas classes os adultos permanecem pelágicos (nadando ou seguindo a correnteza do mar), nesse caso o ganglio não é comido.
Alguns tunicados têm espículas calcárias que podem conservar-se como fósseis, que foram encontrados desde o Jurássico, havendo ainda uma forma do Neoproterozóico proposta: Yarnemia.

Proarticulata

Proarticulata:

Proarticulata é um extinto filo proposto para todos os animais de simetria bilateral conhecidos por registro fóssil na Fauna Ediacarana.
Mikhail A. Fedonkin descreveu os animais do filo Proarticulata com carapaças flexíveis e corpo segmentado. Nesse filo encontram-se os gêneros Dickinsonia, Yorgia, Vendia, Archaeaspinus, Andiva e Ovatoscutum.
Andrey Yu. Ivantsov propôs que os gêneros Tamga, Lossinia, Ivovicia e Onega são pertencentes ao filo Proarticulata ou são próximos á esse filo.

Classificação
Vendiamorpha Fedonkin, 1985
Vendiidae Ivantsov (Vendomiidae Keller, 1976 emmend.)
Dipleurozoa Harrington & Moore 1955
Dickinsoniidae Harrington & Moore 1955
Cephalozoa (nome preliminar)
Yorgiidae Ivantsov 2001
Sprigginidae Glaessner 1958.
Os arqueociatos são animais conhecidos apenas em registo fóssil do Câmbrico, de modo de vida colonial ou solitário e suportados por um esqueleto interno de natureza carbonatada. Os primeiros fósseis de arqueociatos foram descobertos na primeira metade do século XIX em afloramentos no Labrador (Canadá) e na Sibéria (Rússia), mas foram descritos, respectivamente, como esponjas e Calamites, uma planta típica do Carbónico. Só em 1861 foi reconhecido que pertenciam a um filo próprio, designado então como Archaeocyatha (do Grego: archaeo, antigo + cyatha, taça). Actualmente, o posicionamento taxonómico dos arqueociatos ainda se encontra em debate, com alguns autores a considerarem o grupo como uma classe do filo Porifera. Os arqueociatos surgiram no Câmbrico inferior e extinguiram-se no Câmbrico médio.

Anatomia

Esquema de um arqueociato:1 – Intervalo; 2 – Cavidade central; 3 – Parede interna; 4 – Poro (todas as paredes e septos têm poros, nem todos representados; 5 – Septo; 6 – Parede externa; 7 – Rizóide
Uma vez que são conhecidos apenas como fósseis, o estudo anatómico dos arqueciatos baseia-se somente nas características do esqueleto interno. De forma geral, este pode ser descrito como duas taças cónicas e perfuradas, denominadas parede externa e parede interna. Ambas são unidas por septos radiais, também eles perfurados. O espaço limitado pela parede interna designa-se por cavidade central. Por oposição às esponjas, os arqueciatos não possuiam espículas. O conjunto encontrava-se fixo ao substrato através de rizóides. Nalgumas formas, a parede externa está ausente e o esqueleto é descrito como sendo de parede simples.
Os tecidos dos arqueociatos estavam localizados no intervalo formado pelas paredes externa e interna. Supõe-se que não tivessem sistema digestivo ou excretor e que estes processos se desenrolassem de forma intracelular, à semelhança das esponjas modernas.
Os arqueciatos coloniais são mais raros que as formas solitárias e formavam colónias de forma massiva ou dendróide. Estes organismos eram alongados, medindo cerca de 1-2,5 cm de diâmetro para 8-15 cm de altura. São no entanto conhecidas formas alargadas ou discoidais, com 30 cm de altura e 60 cm de diâmetro.

Ecologia
Os arqueociatos eram organismos bentónicos sésseis, que viviam em ambiente de ambientes de plataforma continental carbonatada. A estrutura do esquelo interno e as perfurações observadas nos vários elementos que o compõem sugerem que os arqueociatos se alimentassem por filtração. Os arqueciatos estavam confinados à zona fótica, não sendo conhecidos exemplos que tivessem vivido a mais de 100 metros de profundidade.
Os arqueociatos foram os primeiros animais macroscópicos a desenvolver esqueleto mineralizado e os primeiros organismos multicelulares associados à construção de recifes carbonatados. Como tal, depreende-se que vivessem em águas quentes (20-25 °C), bem oxigenadas e agitadas, de salinidade marinha normal. Os recifes de arquociatos estavam quase sempre associados a estromatólitos, estruturas produzidas por cianobactérias.
Os arqueciatos são um dos elementos principais da fauna Tomotiana.

História geológica
Os arqueociatos surgiram na explosão cambriana (há cerca de 590 milhões de anos), o evento de maior importância na biodiversidade terrestre marcado pelo aparecimento de quase todos os filos descritos. O grupo expandiu-se ao longo do Câmbrico inferior e através de radiação adaptativa diversificou-se e ocupou uma vasta distribuição geográfica. Para o fim desta época, os arqueociatos começam a regredir e a passagem para o Câmbrico médio é marcada pelo desaparecimento das formas de parede simples. O grupo extinguiu-se como um todo há cerca de 540 milhões de anos.
Do ponto de vista estratigráfico, são fósseis de idade extremamente importantes para a biozonação do Câmbrico: todos os andares do Câmbrico inferior foram definidos com base em faunas de arqueociatos. São também importantes para a correlação estratigráficas de formações geológicas localizadas em áreas geográficas distintas. O estudo dos arqueociatos é também relevante para a paleogeografia, pois o traçado dos seus recifes permite delinear as antigas linhas de costa

Trilobozoa

Os Trilobozoa:

Os Trilobozoa ("animais trilobados") são um tazon extinto de organismos que exibiam uma simetria triradial. Eram mais comuns durante o período Ediacarano, antes da Explosão Cambriana.
As afinidades taxonómicas deste grupo ainda estão abertas a debate. Ivantsov e Fedonkin (2002) colocam estes organismos dentro dos cnidários. Argumentam que, já que os conulados Vendoconularia exibem simetria hexarradial, deverão então ser colocados dentro dos Trilobozoa, fazendo este grupo parte do filo dos cnidários.
Os mais primitivos membros deste grupo tinham a forma de disco, tipificados por Tribrachidium. Através de comparações com outros Trilobozoa com forma discoidal, parece que os diferentes padrões dos "braços" em cada género/espécie ocorreram devido a paragem ou progresso de crescimento ao longo do desenvolvimento do organismo.
Os Trilobozoa mais avançados e que subsistiram até períodos mais recentes, tinham forma cónica, como tipificado pelo género Conularia. Tinham também estruturas semelhantes a conchas que se assemelhavam cones de gelados, que tendiam a possuir quatro cantos. No entanto, a falta de septos ou de outras características diagnosticantes de antozoários, levaram os cientistas a colocar de lado a hipótese de os Trilobozoa fazerem parte desse grupo.

Monoblastozoa

Monoblastozoa constituiu um filo do reino Animalia. Uma única espécie foi descrita, Salinella salvae, por Frenzel, em 1892, nas salinas argentinas. Existem sérios problemas com a acurácia da descrição original, e Salinella pode ter existido mais na imaginação de Frenzel do que nas salinas da Argentina. A verdadeira natureza desses animais, incluído sua própria existência, permanece elusiva